Trump diz que tarifas ‘são coisa linda’; bolsas abrem em queda livre na Ásia

Atualizado em 6 de abril de 2025 às 22:01
O canal Rossiya 1 disse que a Rússia não está na lista de Trump “para a decepção de muitos no Ocidente”. Foto: Getty Images/Via BBC

Enquanto o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, celebra o impacto de suas tarifas como “uma coisa linda de se ver”, os efeitos colaterais já provocam reações nos mercados internacionais. Nesta segunda-feira (6), a Bolsa de Tóquio acionou um circuit breaker após queda brusca, desencadeando uma sequência de alertas em bolsas da Ásia e Europa. O tarifaço imposto por Washington entrou em vigor no sábado (5) e atinge mais de 180 países e regiões.

As bolsas asiáticas abriram em forte queda nesta segunda-feira, antecipando um início turbulento nos mercados globais após a divulgação de novas tarifas comerciais impostas por Donald Trump. A Bolsa Nikkei 225, no Japão, recuou 8,3% e teve as negociações de ações futuras suspensas. Na Coreia do Sul, o índice caiu 4,34%, enquanto na Austrália o recuo foi de 6,07%. As reações refletem a inquietação causada pelo chamado “tarifaço” de Trump, que atinge mais de 180 países e regiões, com destaque para tarifas de 34% sobre produtos da China, 25% da Coreia do Sul, 24% do Japão e 20% da União Europeia.

“Temos enormes déficits financeiros com a China, a União Europeia e muitos outros. A única maneira de curar esse problema é com TARIFAS, que agora estão trazendo dezenas de bilhões de dólares para os EUA. Elas já estão em vigor e são uma coisa linda de se ver. O superávit com esses países cresceu durante a “presidência” do sonolento Joe Biden. Vamos reverter isso, e reverter RAPIDAMENTE. Algum dia as pessoas perceberão que as tarifas, para os Estados Unidos da América, são uma coisa muito linda!'”, escreveu o presidente, Trump em sua rede social. O republicano classificou o movimento como uma resposta direta ao que chama de enfraquecimento promovido por Joe Biden durante sua gestão.

A medida impõe alíquotas variadas, que vão de 10% a 34% dependendo do país, incluindo 10% sobre todas as importações brasileiras. O presidente classificou a nova rodada de tarifas como “declaração de independência econômica”, defendendo que os EUA ficarão “livres” de produtos estrangeiros.

“Algum dia as pessoas perceberão que as tarifas, para os Estados Unidos da América, são uma coisa muito linda!”, disse o presidente americano, que vem reiterando o discurso nacionalista em eventos recentes.

Trump: Batiza quarta- feira(2) como “Dia da Libertação” tarifária Foto: Mark Schiefelbein/AP

A reação imediata ao tarifaço foi sentida com intensidade no Japão, onde a Bolsa de Valores de Tóquio foi obrigada a interromper as negociações temporariamente após quedas em série. O mecanismo de circuit breaker é acionado quando os índices ultrapassam limites pré-estabelecidos de queda, com o objetivo de evitar colapsos nos mercados.

Apesar das justificativas de Trump, especialistas e economistas internacionais apontam para uma possível desaceleração global. A imposição generalizada das tarifas pode reduzir o comércio internacional, aumentar os custos de produção e afetar diretamente consumidores americanos com preços mais altos.

O impacto da medida tende a atingir setores variados, desde tecnologia até produtos agrícolas. Em países como Japão, Coreia do Sul e Alemanha, governos iniciaram reuniões de emergência para avaliar os impactos e preparar possíveis retaliações comerciais.

Nos bastidores da diplomacia, cresce a tensão entre líderes da União Europeia e a Casa Branca. Fontes próximas às negociações indicam que a Comissão Europeia pode anunciar medidas em resposta ainda nesta semana, com foco em setores estratégicos norte-americanos.

Trump, por sua vez, segue apostando na força do mercado interno como resposta ao que chama de “décadas de exploração comercial”. Mesmo com a instabilidade provocada nos mercados internacionais, ele insiste que “as tarifas são a única forma de reequilibrar o jogo”.