Sentinelenses: conheça tribo isolada em ilha na Índia onde influencer foi preso

Atualizado em 6 de abril de 2025 às 14:21
Os Sentinelenses: habitantes da tribo isolada da Ilha Sentinela do Norte, no Oceano Índico. Foto: Reprodução

Em uma pequena ilha isolada no Oceano Índico, a cerca de 1.200 km da Índia continental, vive uma das últimas tribos intocadas do planeta: os Sentinelenses do Norte.

Com população estimada entre 50 e 200 pessoas, o grupo mantém um modo de vida baseado na caça e na coleta, sem contato com o mundo exterior. Sua língua é desconhecida e não se assemelha aos idiomas das ilhas vizinhas. Acredita-se que seus ancestrais tenham migrado da África há cerca de 60 mil anos.

A tribo ocupa a Ilha Sentinela do Norte, parte do arquipélago de Andaman e Nicobar. Por sua vulnerabilidade, os Sentinelenses são protegidos por uma lei indiana de 1956 que proíbe qualquer aproximação da ilha.

Pesquisadores e autoridades consideram que qualquer tentativa de contato representa risco de contaminação por doenças comuns, como gripe ou sarampo — às quais eles não têm imunidade.

“Os Sentinelenses são conhecidos por sua hostilidade contra qualquer estrangeiro. Eles tendem a evitar qualquer tentativa de contato e, em algumas ocasiões, responderam com força letal”, explica Janhavee Moole, jornalista da BBC Marathi, de Mumbai.

Os pesquisadores estimam que não há mais de 200 indígenas na tribo da Ilha Sentinela do Norte — Foto: INDIAN COASTGUARD/SURVIVAL INTERNATIONAL
Pesquisadores estimam que não há mais de 200 indígenas na tribo da Ilha Sentinela do Norte. Foto: INDIAN COASTGUARD/SURVIVAL INTERNATIONAL

O risco de contato e os episódios de violência

Ao longo das décadas, diversas tentativas de aproximação resultaram em reações hostis da tribo. Em 1974, um cineasta da National Geographic foi atingido por uma flecha em chamas ao tentar filmar a ilha. Em 2018, o missionário americano John Allen Chau, de 27 anos, foi morto após tentar evangelizar a população local. Ele teria subornado pescadores para levá-lo até lá.

La historia de John Chau, el misionero martirizado en la Isla Sentinel del Norte
John Allen Chau: em 2018, o missionário americano foi morto após tentar evangelizar a população local. Foto: Reprodução

Em 1991, pesquisadores ofereceram cocos e doces como presentes, mas não obtiveram retorno. Após esse episódio, o governo indiano interrompeu as expedições e intensificou as restrições. Mesmo após o tsunami de 2004, quando helicópteros sobrevoaram a ilha para verificar a sobrevivência dos moradores, os indígenas responderam com flechas.

Turista americano invadiu a ilha e foi preso

Apesar da proibição, novos casos continuam ocorrendo. No dia 31 de março de 2024, o turista americano Mykhailo Viktorovych Polyakov, de 24 anos, desembarcou ilegalmente na Ilha Sentinela do Norte. Ele deixou uma lata de refrigerante e um coco na praia e registrou parte da visita. O jovem foi detido pelas autoridades locais logo depois.

A visita causou preocupação entre ativistas e antropólogos. “Os influenciadores são vistos como uma ameaça crescente a essa tribo indígena isolada”, afirmou Janhavee Moole.

A organização Survival International classificou o episódio como “profundamente perturbador” e afirmou que Polyakov “colocou em risco sua própria vida e a da tribo”. O governo dos Estados Unidos declarou que está ciente do caso e que irá “monitorar de perto a situação”.

Turista é preso após entrar em ilha de tribo isolada e oferecer cocos | Metrópoles
Mykhailo Viktorovych Polyakov: turista americano foi preso após entrar na ilha da tribo isolada. Foto: Reprodução

Importância estratégica e ameaça ao território

A Ilha Sentinela do Norte está localizada em uma região estratégica da Baía de Bengala, próxima às principais rotas marítimas do Indo-Pacífico. A Índia estuda construir ali um porto internacional de transbordo de contêineres, semelhante ao de Hong Kong, com o objetivo de monitorar o tráfego comercial no Estreito de Malaca.

Especialistas alertam que esses projetos de infraestrutura podem representar uma ameaça direta à existência da tribo, que depende do isolamento completo para sobreviver. Por isso, a guarda costeira indiana mantém vigilância constante na área para impedir aproximações e garantir a proteção dos Sentinelenses.

“Aproximar-se deles pode ser fatal, já que eles geralmente não recebem pessoas de fora e já demonstraram hostilidade contra qualquer um que se aproxime no passado”, reforça Moole.

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