
O PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, não conseguiu obter o apoio necessário para o requerimento de urgência do projeto de lei da anistia aos condenados pelos atos terroristas de 8 de janeiro. Após tentativas frustradas de convencer os líderes partidários da Câmara dos Deputados, o partido agora busca coletar assinaturas individuais de deputados para viabilizar a proposta, conforme informações do Globo.
Para pressionar a Câmara a pautar o projeto, o PL adotou medidas de obstrução durante sessões e votações, o que gerou irritação entre lideranças dos partidos de centro. Com o passar dos dias, a sigla recuou e flexibilizou o chamado “kit obstrução”, permitindo a retomada das votações e o funcionamento das comissões.
O “kit obstrução” consiste em um conjunto de estratégias usadas pela oposição com o objetivo de atrasar ou impedir votações e sessões no plenário.
Segundo o líder do PL, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), o partido já teria reunido 163 assinaturas para apresentar o requerimento de urgência, mas são necessárias 257 para que o tema possa entrar na fila de prioridades do plenário.
Outra possibilidade seria contar com a assinatura direta dos líderes partidários, que representam suas bancadas. No entanto, até a última quinta-feira (3), não houve sinal de adesão por parte das demais siglas. Mesmo que o número de assinaturas seja alcançado, cabe ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), decidir se coloca ou não o requerimento em votação.

Parte dos líderes afirma que não vê vantagem em se envolver em um tema polêmico sem que haja um movimento claro de Hugo Motta no sentido de priorizar o projeto. Neste momento, o presidente da Câmara evita desgastes com o Supremo Tribunal Federal (STF), com quem tenta manter uma relação estável.
“O presidente Motta é e continuará sendo aliado do PL em todas as bandeiras, inclusive a anistia. Mas sabemos que a cadeira de presidente sofre pressões”, disse Sóstenes Cavalcante.
O líder do PL alega ainda que os líderes partidários não assinaram o requerimento porque estariam aguardando uma orientação de Motta. “Eles não foram autorizados”, declarou. No entanto, os líderes não dependem da autorização formal do presidente da Casa para subscrever esse tipo de documento.
Nos bastidores, parlamentares afirmam que a decisão é baseada em cálculo político, levando em conta o impacto de apoiar uma matéria que pode gerar desgaste.
Integrantes do centro disseram, em caráter reservado, que a oposição tenta empurrar o projeto “goela abaixo”, em vez de buscar um caminho de negociação. Para esses líderes, a ala mais bolsonarista do PL, liderada por Sóstenes, estaria “tumultuando” o ambiente na Câmara, o que desgasta a imagem do partido e pode comprometer futuras negociações.
“Isso é uma tática Kamikaze. Eles estão se isolando e entrando em atrito com os partidos de centro”, afirmou o líder do PT, Lindbergh Farias (RJ).
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