
Por Leonardo Sakamoto
Pesquisa Genial/Quaest aponta que 56% dos brasileiros é contra a anistia dos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, preferindo que continuem presos e cumpram suas penas. Ou seja, não importa a foto com milhares de seguidores que Bolsonaro produzirá, neste domingo, na avenida Paulista, ao lado de governadores que não se importam em passar pano para golpe desde que consigam herdar votos do “mito”. Ela, ainda assim, não representa a opinião da maioria do país.
A margem de erro da pesquisa é de dois pontos, e o índice de confiança de 95%.
Com o cerco se fechando por causa do julgamento pela tentativa de golpe de Estado, Bolsonaro resolveu fazer mais uma demonstração de força, chamando seus apoiadores, após o ato minguado no Rio de Janeiro. Quer imagens de multidão para vender, nas redes, a ideia de que o povo está a seu lado. Tática manjada para pressionar deputados e senadores a avançarem com o projeto de lei que anistia golpistas no Congresso Nacional.
A estratégia, reciclada há tempos, parte de um fato concreto (o ex-presidente é uma pessoa popular capaz de arrastar multidões) para vender uma extrapolação falsa (essas multidões demonstram que a maioria dos brasileiros está com ele).

Mas o bolsonarismo-raiz, alinhado perfeitamente a ele, gira entre 15% e 20% da população, o que, repito, não é pouca gente – dá entre 30 e 40 milhões. Mas não é maioria.
Considerando apenas os que escolheram em Bolsonaro em 2022 (que ficou com 49,1% dos votos), só 36% (ou seja, cerca de um terço da metade) defendem, segundo a Quaest, a posição radical de que os presos pelo 8 de janeiro deveriam ser soltos porque a prisão foi injusta. Ou seja, uma coisa é ter votado em Jair, outra é bolsonarista-raiz, aquele grupo que pula no abismo ignoto se ele disser que, lá embaixo, corre leite e mel.
Tanto que outros 32% dos eleitores de Bolsonaro querem que os presos continuem na cadeia e cumpram suas penas e outros 25% acham que eles cometeram crimes sim, mas já podem ser soltos porque já ficaram tempo demais.
O bolsonarismo sempre ataca os institutos e grupos de pesquisa que medem a participação nesses atos, e hoje não será diferente – mesmo que os números estejam apontando que as manifestações da extrema direita têm sido maiores que as da esquerda.
Alheia a essas movimentações, está a grande massa de trabalhadores, mais preocupada em tentar garantir a própria sobrevivência do que acompanhar esse tipo de micareta. Se fosse um líder de fato como diz, Bolsonaro estaria propondo projetos para o país. Mas a luta desesperada por ficar longe da cadeia após a tentativa de golpe de Estado mostrar que o projeto dele continua sendo ele mesmo.
Originalmente publicado por blog de Leonardo Sakamoto, no Uol
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