
Em “El loco”, Juan Luis González, biógrafo não autorizado, assim define o extremista Javier Milei, segundo colocado no 1o turno da eleição presidencial argentina, neste domingo, 22:
“Estar no centro das atenções em qualquer situação sem a necessidade de dialogar de forma recíproca com os presentes é onde ele se sente mais confortável”.
Faz sentido para alguém que começou no rádio e explodiu em programas de televisão que reúnem diversos convidados para falar de tudo.
Javier treinou nesses canais a se comunicar com as camadas populares.
Esperto, logo achou seus ‘marajás’: eles estavam escondidos no armário do que ele chama de elite do país, composta, segundo o próprio, por políticos, empresários, sindicalistas e jornalistas.
A esses, Milei dedicou um grito de guerra: “A elite tem medo”.
Nem as camadas populares, tampouco os abastados do país, fazem coro a muitas das ideias lançadas pelo ex-favorito.
Uma delas fala em acabar com a gratuidade da educação pública. Outra em desregulamentar o mercado de armas. Uma terceira em flexibilizar ainda mais as leis trabalhistas.
Para compensar tantas perdas, o Bolsonaro deles dá um fôlego ao cidadão, com a proposta de permitir a venda livre de órgãos.
Milei é solteiro e bastante próximo da irmã, Karina, coordenadora de sua campanha. É católico que se inclinou para o judaísmo – seu guia espiritual é um rabino: Axel Shimon Wahnish.
Em outro trecho de sua biografia não autorizada, Juan Luis González conta que o derrotado no primeiro turno das eleições presidenciais toma decisões de acordo com o que sai em cartas de tarô.
Só isso para explicar algumas de suas teses econômicas, centradas na dolarização da economia e na extinção do Banco Central Argentino, subordinando o país ao processo de decisão monetária do Federal Reserve (Fed), o Banco Central americano.
Especialistas citam exemplos para ressaltar um dos efeitos práticos do entreguismo para a economia do país: a indústria argentina, para citar apenas um, poderia ver uma fuga de capital para os EUA, já que ambos os países usariam a mesma moeda e a preferência dos consumidores faria com que direcionassem seus recursos para o comércio estrangeiro.
O direitista é filho de um motorista de ônibus que se tornou empresário do transporte. A mãe é dona de casa. Milei cresceu em um lar violento e sofreu bullying na escola.
É fã de Rolling Stones e chegou a tentar carreira como goleiro de futebol.
Nos comícios, o representante da coligação La Libertad Avanza é descrito como alguém que incorpora uma mistura de líder de torcida de futebol com um professor aloprado.
Por defender ideias de extrema direita e também ser capacho de Donald Trump, é chamado de Bolsonaro argentino. Como o colega brasileiro, que foi derrotado por Lula no ano passado, o extremista terá a difícil missão de reverter o resultado agora em novembro – Millei foi derrotado pelo governista Sergio Massa no 1o turno e já aparece em desvantagem nas pesquisas para o 2o.
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