
O policial civil Flávio Pacca Castello Branco foi preso nesta manhã sob a acusação de participar de uma quadrilha que praticava extorsão, um crime típico das milícias no Rio de Janeiro.
Flávio Pacca não é apenas um policial corrupto a mais, num universo em que sobram maus exemplos como este.
Ele é do seleto grupo dos políticos que chegaram ao poder a partir da Lava Jato, que criminalizou a política e abriu espaço para a força bruta.
Foi colega do governador Wilson Witzel no curso de Direito, no Instituto Bennett, no Flamengo, Zona Sul do Rio.
Ambos estão filiados ao PSC, e ambos compartilharam propaganda eleitoral, Wilson Witzel como candidato a governador e Flávio Pacca, deputado federal.
Na propaganda, tinha também destaque Jair Bolsonaro.
Dois deles foram bem sucedido. Pacca, no entanto, não ficou desamparado.
Ele é apresentado como consultor de segurança do governador, e foi um dos especialistas que explicaram como concretizar o plano de Witzel de abater suspeitos de crime nas favelas quando estiverem portando fuzis.
Na sua campanha, divulgou vários vídeos em que se apresentava como o “candidato três oitão”, em referência a seu número no PSC, 2038.
Nesses vídeos, aparece sempre atirando e associa suas propostas à auto proclamada habilidade com armas de fogo.
“Eu sou instrutor de armamento, tiro e balística. Para se ter um bom resultado ou sucesso em treinamento como esse, nós precisamos, além dos requisitos básicos do tiro, ter também foco, dedicação, firmeza, habilidade e coragem. São essas as habilidades que quero levar para Brasília para ajudar a defender você, cidadão do Rio de Janeiro, das mazelas que nós temos sofrido, como, por exemplo, a corrupção”, diz em um deles.
Apaixonado pelo escotismo, deu entrevista para um canal de TV a cabo em que conta que deu de presente à sua filha pequena uma arma de verdade.
“Meus Deus do céu, em qualquer país do mundo, as criancinhas de 6, 7 anos, estão aprendendo a atirar com arma de ar comprimido. Com 9, 10 anos, estão atirando de 22”, diz.
Flávio Pacca defende o armamento da população. “Arma só é ruim na mão de marginal. Na mão de cidadão de bem não é problema”, comenta.
Esse cidadão de bem foi homenageado por Flávio Bolsonaro — sempre ele — na Assembleia Legislativa quando matou um homem acusado de tráfico na Rocinha.
Na moção de louvor e congratulações, em 2005, Flávio destaca:
“No dia 28 de outubro de 2005, este policial civil, juntamente com sua equipe, realizou uma operação na Favela da Rocinha para reprimir o tráfico de drogas naquela localidade.
A operação foi lograda de êxito, sem baixas de policiais e culminando com a morte de um dos traficantes mais procurados do Estado, conhecido por “Bem-Te-Vi”.
Assim sendo, este policial foi um dos responsáveis por “recuperar” esse marginal, visto que a sociedade tem a certeza de que ele nunca mais estará apto a viciar o filho de ninguém, nem a levar o terror aos cidadãos fluminenses, prestando um relevante serviço social à população.
A classe política deve buscar a esfera policial apenas para elevar a moral da Corporação e lutar pelos direitos da categoria para que cheguem a um patamar equivalente à responsabilidade e importância dessa honrosa profissão.”
Flávio Bolsonaro já tinha homenageado o major Ronald e o ex-capitão do Bope Adriano, também com prisão decretada por crimes cometidos no exercício da profissão e fora dele.
São bandidos de farda e distintivo, mas, enquanto a máscara não cai, apresentam-se como “cidadãos de bem” e defensores da ordem.