Morre aos 99 anos Dalton Trevisan, autor de “O Vampiro de Curitiba”

Atualizado em 10 de dezembro de 2024 às 9:50
Dalton Trevisan quando jovem, num de seus poucos registros fotográficos

O escritor Dalton Trevisan, nascido em Curitiba e considerado um dos maiores nomes da literatura brasileira, faleceu nesta segunda-feira (9), em um dia chuvoso. Aos 99 anos, o autor, conhecido por sua reclusão e apelidado de “Vampiro de Curitiba,” morreu em casa.

Trevisan era dono de uma escrita visceral, com textos que capturavam de forma única a vida noturna e as angústias dos habitantes da capital paranaense, criando personagens inesquecíveis e marcantes.

A notícia de sua morte apareceu inicialmente no serviço de falecimentos de Curitiba, com detalhes como idade, filiação e informações sobre a cremação. No entanto, a ficha foi removida pouco depois. O ex-prefeito Gustavo Fruet chegou a divulgar o falecimento nas redes sociais, mas apagou a postagem em seguida.

O escritor teria deixado orientações específicas sobre como tratar sua morte, o que pode justificar os desencontros na divulgação. A cerimônia de cremação foi marcada para esta terça-feira, às 10h, restrita aos familiares.

Neste domingo, a coluna de Ancelmo Gois no Globo informou que a Editora Todavia está organizando uma antologia com os contos de Dalton Trevisan, com lançamento previsto para o próximo ano, em comemoração ao centenário de seu nascimento.

O “Vampiro de Curitiba” e sua obra

Dalton Jérson Trevisan nasceu em 14 de junho de 1925, em Curitiba, Paraná. Formado em Direito pela Faculdade de Direito do Paraná, ele exerceu a advocacia por sete anos antes de se dedicar exclusivamente à literatura. O apelido que o tornou célebre veio de seu livro mais famoso, O Vampiro de Curitiba (1965).

Sua carreira literária começou com a novela Sonata ao Luar (1945), mas o reconhecimento nacional veio com Novelas Nada Exemplares (1959), obra que lhe rendeu o Prêmio Jabuti. Seus contos, marcados pela linguagem enxuta, exploram as dores e os desafios do cotidiano curitibano. Entre suas principais publicações estão “Cemitério de Elefantes” (1964), “A Guerra Conjugal” (1969) e “Crimes da Paixão” (1978).

Trevisan também deixou sua marca como editor da revista Joaquim (1946-1948), um espaço que promoveu escritores renomados como Antônio Cândido e Carlos Drummond de Andrade, além de traduções de autores como Franz Kafka e Marcel Proust, com ilustrações de artistas como Di Cavalcanti.

Sempre foi arredio à imprensa, recusando pedidos de entrevistas e jamais aceitando ser fotografado. Os poucos registros são do artista quando jovem, como o que ilustra este obituário.

Ao longo de sua trajetória, recebeu prêmios importantes, como o Camões, em 2012, pelo conjunto de sua obra. O gênio de Trevisan será lembrado eternamente como um mestre, sobretudo, do conto, cuja escrita minimalista e densa segue influenciando gerações de leitores e escritores.

Conheça as redes sociais do DCM:
⚪️ Facebook: https://www.facebook.com/diariodocentrodomundo
🟣 Threads: https://www.threads.net/@dcm_on_line