
Publicado no Facebook de Luis Felipe Miguel
A entrevista de Marina Silva na Folha de hoje comprova a máxima imortal do Barão de Itararé: de onde não se espera nada, não vem nada mesmo.
É a lengalenga de sempre sobre a “nova” política e a superação da polarização, que ela chama de “polarização de centro, esquerda, direita” – uma revolução na geografia, uma polarização em três pontos!
Em apenas dois momentos ela escorrega e deixa transparecer algo de suas posições – e seria melhor que tivessem continuado escondidas.
Cita Macron como exemplo de uma boa proposta inovadora. E defende a condenação de Lula dizendo que, no Brasil, o império da lei vigora e a democracia está realizada.
Como sempre, a conversinha da superação da polarização política, quando desvendada, mostra o que é: negação dos conflitos, acomodação com o status quo, inibição do ímpeto de transformação social.
A polarização não é um efeito de discurso, é resultado das relações de dominação vigentes.
Podemos lamentar que ela seja insuficiente ou insuficientemente esclarecida, mas querer apenas “superá-la”, sem antes superar as contradições que são sua raiz, é assumir o lado do conservadorismo.