O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) bloqueou a deputada federal Carla Zambelli (PL) no WhatsApp após uma cobrança feita por ela no ano passado, na qual a parlamentar argumentou que Bolsonaro “não estava tendo postura de estadista”.
O bloqueio ocorreu durante o último feriado de 7 de setembro, quando a extrema-direita promoveu uma manifestação na Avenida Paulista, em São Paulo, e permanece até hoje, conforme informações do colunista Paulo Cappelli, do Metrópoles.
O incidente que resultou no distanciamento entre Bolsonaro e Zambelli teve como pano de fundo o ato conservador do dia. Durante a manifestação, o ex-capitão interrompeu seu discurso no trio elétrico para criticar o barulho causado por outro manifestante.
“Se esse picareta quer fazer um evento, que anuncie, convoque o povo e faça. Não atrapalhe pessoas que estão lutando por algo muito sério em nosso país. Eu não sou governador, mas [peço] que a PM arranque a bateria desse carro”, disparou Bolsonaro.
Naquele momento, o influenciador bolsonarista Marco Antônio Costa discursava no outro trio. Zambelli, por sua vez, foi a figura mais conhecida do bolsonarismo a prestigiar o carro de som “alternativo”.
Após o episódio, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), enviou uma mensagem a Zambelli para informá-la sobre a bronca que Bolsonaro havia dado. Tarcísio estava no mesmo trio elétrico do ex-mandatário, que havia sido alugado pelo pastor Silas Malafaia, e estava preocupado em fazer com que o barulho do caminhão “alternativo” cessasse durante o discurso de Bolsonaro.
Quando Zambelli tomou conhecimento do conteúdo do discurso do ex-presidente, enviou uma mensagem a ele, na qual afirmou que Bolsonaro “não estava tendo postura de estadista” ao criticar os oradores do outro carro de som. A parlamentar argumentou que o incômodo com o barulho do trio elétrico não condizia com o objetivo do ato, que visava defender a liberdade de expressão.
Após ler a mensagem de Zambelli, Bolsonaro decidiu, no mesmo momento, bloqueá-la no WhatsApp. No entanto, antes do bloqueio virtual, o ex-presidente já havia demonstrado a aliados que guardava mágoa de Zambelli, especialmente devido à atribuição de sua derrota eleitoral em 2022 ao episódio envolvendo uma perseguição armada ao jornalista Luan Araújo, que ocorreu às vésperas do segundo turno.
Em razão desse episódio, o Supremo Tribunal Federal (STF) formou, no último dia 25/03, maioria para condenar Zambelli a 5 anos e 3 meses de prisão, além da perda do mandato parlamentar, pelos crimes de porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal.
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