Fabiano Trompetista ao DCM: “A marcha fúnebre para Bolsonaro é um ataque, pois temos que atacar”

Atualizado em 30 de março de 2025 às 14:24
O trompetista Fabiano Leitão. Imagem: Felipe Pereira/UOL

O Diário do Centro do Mundo (DCM) entrevistou Fabiano Fabiano e Silva Leitão Duarte, mais conhecido como Fabiano Trompetista. Ele ficou popular durante o período em que Lula esteve preso em Curitiba, quando fazia serenatas ao presidente e, após firmar amizade com Lula, passou a representar musicalmente sua militância em diversos momentos do PT.

Recentemente, Fabiano foi convidado para embalar musicalmente a posse de Gleisi Hoffmann como ministra das Relações Institucionais do governo Lula. Na última quarta-feira (26), durante a coletiva de imprensa de Jair Bolsonaro, após ele se tornar réu por tentativa de golpe de Estado, Fabiano conduziu a trilha sonora que abafou a entrevista de Bolsonaro, tocando a marcha fúnebre de Chopin e o jingle “Tá na hora do Jair já ir embora”.

A marcha fúnebre para Bolsonaro

Ele demonstrou que estava desestabilizado. Um político experiente jamais ficaria estático. Ele ficou imobilizado, pensando no que ia falar.

Eu já invadi vários links da Globo enquanto o Lula estava preso em Curitiba e, em nenhum deles, ninguém nunca parou de falar. Isso mostra esse momento de fraqueza política do Bolsonaro. Na política, não é bom demonstrar fraqueza — e que bom que o trompete revelou a fraqueza dele. Afinal de contas, a gente foi pra isso mesmo: para atacar.

Eu gosto da palavra “atacar”. Uma vez, na primeira comunicação que tive com o presidente Lula, quando ele estava preso, ele viu uma entrevista minha com o Gustavo Conde. Ele viu que eu não gostava da palavra “resistência”, apesar de respeitá-la por toda a nossa história de luta. Mas penso que, se estamos resistindo, é porque estamos perdendo. O que a gente tem que fazer para ganhar uma batalha, uma guerra, é avançar, ir pra frente.

O trompete cumpriu essa tarefa de manifestação lúdica e política, gerando muito desespero no bolsonarismo, que viu sua liderança acovardada e desestabilizada.

Sobre a abordagem que recebeu da polícia legislativa

Muito triste, pois são trabalhadores que, muitas vezes, foram ofendidos e agredidos, como no dia 8 de janeiro. Eles passaram sufoco, pois não eram os PMs que me abordaram, eram policiais legislativos, que trabalham dentro da Câmara e do Senado. Não tinham nada que estar ali me abordando, porque era uma via pública. Como trabalhadores, eles servem ao patrão. Veio uma ordem de cima para me abordar enquanto furávamos uma bolha ao vivo. Mas, se você olhar o vídeo, não verá nenhuma agressividade de minha parte, apenas revolta com a situação. Não tive nenhuma palavra menosprezando esses trabalhadores. Apenas defendi meu direito de livre manifestação. Inclusive, quando um dos policiais diz que eu estava atrapalhando os trabalhos, eu respondi que, na verdade, estava ajudando. Se tem um trabalho que a Câmara e o Senado precisam ter, é a disputa popular, dos anseios populares. Eles servem ao povo brasileiro, então, que bom que ouviram.

Pedido em nome dos trabalhadores

Peço aos companheiros e companheiras que não cancelem esses trabalhadores, pois são trabalhadores que servem ao patrão e estavam apenas cumprindo as ordens do patrão que mandou. Que isso sirva de aprendizado para os trabalhadores. Temos que parar de assassinar reputações. Viemos a este mundo para aprender, e eles são um de nós. Infelizmente, eles servem a patrões que não são do nosso campo político. Mando até um abraço para os dois. Junto com eles, não “triscaram” em mim; só queriam impedir que eu tocasse. Temos que combater esse campo político que absorve esses trabalhadores para lutar contra o povo.

O trompete que energizou Lula

Essa ação foi a mais importante (tocar a marcha fúnebre para Bolsonaro). Furou a bolha e mostrou a fraqueza do nosso inimigo político. Mas energizar o presidente Lula, mantê-lo forte lá na vigília e tocar as músicas que ele gostava — eu sou vascaíno e toquei até o hino do Corinthians para ele — acho que essa tarefa tem uma importância maior, inclusive para o meu coração.

Pela memória dos tombados na ditadura

Lógico que tem um resquício de vingança. Tive um tio, Francisco Celso Leitão, que era um estudante que panfletava e fazia agitação política no Piauí, sendo morto pela ditadura. Nesse aspecto, me senti muito energizado por ele. Sou muito amigo da Hildegard Angel, a história de vida da família Angel, com o assassinato de Stuart e Zuzu, é por tudo isso.

Honrar os nossos heróis

Estive há pouco tempo na Venezuela, e essa experiência me transformou no sentido de honrar os nossos. A cada quarteirão que você anda, vê-se uma estátua, um mural, um mosaico ou uma pintura de parede de Simón Bolívar. As pessoas honram os que lutaram e, aqui no Brasil, temos os apagamentos. Toquei na pedra do Marighella em São Paulo, que fica no lugar onde ele morreu, mas não é um monumento, é uma pedrinha no chão. Aqui em Brasília, não há nada para o Marighella. Devemos sempre honrar os nossos, os que lutam e se entregam.

Sentimento de nação

O que eu sei fazer é tocar trompete. Outras pessoas podem contribuir com a luta, porque qual a graça de saber algo se não puder transferir para o nosso povo? A graça da vida é poder ajudar as pessoas. Esse é o sentido de nação, de comunidade. E o brasileiro é humano para caramba.

O império há de ruir

A extrema-direita no mundo inteiro serve como mecanismo de destruição. Xi Jinping e Putin estão morrendo de rir do Trump, pois ele está isolando os EUA do mundo inteiro. O império há de ruir.

 

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