“Dia da Ruína”: revista The Economist ironiza tarifaço de Trump

Atualizado em 3 de abril de 2025 às 15:19
Capa da revista The Economist diz que Trump causou o “Dia da Rúina” dos EUA. Foto: reprodução

A renomada revista britânica The Economist publicou uma crítica contundente às novas tarifas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, classificando a medida como o “Dia da Ruína”, em uma resposta irônica ao termo “Dia da Libertação” usado pelo republicano. A capa da edição desta quinta-feira (3) mostra uma ilustração de Trump serrando o próprio mapa dos EUA, simbolizando o que a publicação chama de “o erro econômico mais profundo, prejudicial e desnecessário da era moderna”.

Em seu editorial, a revista afirma que as tarifas “irracionais” impostas por Trump “causarão estragos econômicos”, e destaca que outros países podem tomar medidas para limitar os danos. As afirmações do presidente foram classificadas como “um absurdo completo”, com a revista argumentando que sua compreensão dos detalhes técnicos foi “patética”.

“Trump chamou este momento de um dos dias mais importantes da história americana. Ele quase está certo. Seu ‘Dia da Libertação’ marca o abandono total dos EUA da ordem comercial mundial e a adoção do protecionismo”, diz o texto.

A publicação ainda rebate a visão histórica de Trump, lembrando que as tarifas altas do século XIX prejudicaram a economia estadunidense e que a redução de barreiras comerciais nas décadas seguintes foi crucial para o crescimento global.

A Economist aponta que o déficit comercial dos EUA, frequentemente citado por Trump como justificativa para as tarifas, não é um indicador de fracasso econômico.

“Como qualquer um de seus economistas poderia lhe dizer, esse déficit geral surge porque os americanos escolhem poupar menos do que seu país investe – e, crucialmente, essa realidade de longa data não impediu a economia dos EUA de superar o restante do G7 por mais de três décadas”, afirma o editorial.

A revista alerta que as medidas protecionistas prejudicarão tanto os consumidores estadunidenses, que pagarão mais caro por produtos importados, quanto as empresas locais, que perderão competitividade no mercado global.

Donald Trump durante anúncio de novas tarifas em produtos importados pelos Estados Unidos. Foto: Reprodução

Na quarta-feira (2), Trump detalhou as novas tarifas, que começam a vigorar em 5 de abril. O Brasil será taxado em 10%, enquanto a China enfrentará alíquotas de 34% e a União Europeia, 20%. O presidente justificou as diferenças:

“Se vocês olharem para aquela primeira linha da China, 67%, essas são as tarifas cobradas dos EUA, incluindo manipulação cambial e barreiras comerciais. […] vamos cobrar uma tarifa recíproca com desconto de 34%”, disse Trump. Sobre a UE, afirmou: “Eles nos exploram. É tão triste de ver. É tão patético. 39%, vamos cobrar deles 20%.”

Além das tarifas supostamente recíprocas, outras medidas já entraram em vigor, como a taxa de 25% sobre carros importados e produtos que não se enquadram no USMCA (acordo comercial entre EUA, México e Canadá).

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