
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se pronunciou na última sexta-feira (3) sobre o programa secreto de monitoramento ilegal da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), negando qualquer conhecimento sobre os responsáveis ou as motivações por trás das ações.
Durante sua visita a Santos, no litoral de São Paulo, Bolsonaro falou sobre o assunto e também abordou sua recente condenação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por atos no Sete de Setembro, direcionando críticas a Alexandre de Moraes, presidente da Corte e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em relação ao programa da Abin, o ex-presidente destacou que a agência supostamente monitorou a localização de milhares de cidadãos durante sua gestão, mas reiterou que desconhece os detalhes do processo e questionou a divulgação dos nomes das pessoas monitoradas.
“A Abin não interceptou ninguém. Ela fazia, segundo a imprensa, porque eu dispensei a Abin desde o início (do mandato), o levantamento de posição de 30 mil pessoas, segundo a Abin. Agora, eu gostaria que fosse divulgado o nome das 30 mil pessoas. Quem fez e o porquê não tenho a menor ideia”, disse.
Em outubro, a Abin enviou uma planilha com a lista de números monitorados pelo órgão ao STF e à Polícia Federal em 11 de abril deste ano. A espionagem durante o governo Bolsonaro ocorreu por meio de software israelense FirstMile, adquirido em 2018, ainda no governo Temer.
Sobre sua condenação no TSE, Bolsonaro descreveu o ministro Alexandre de Moraes como temeroso em relação à presença de milhares de pessoas nas ruas no Sete de Setembro e criticou sua conduta. Ele expressou descontentamento com as decisões do tribunal, sugerindo que Moraes deseja afastá-lo da política.
“Realmente, o Alexandre de Moraes ficou apavorado com milhares de pessoas do Brasil todo nas ruas. Ele, inclusive, debocha. Um juiz não pode agir dessa maneira”, afirmou para os bolsonaristas que o seguiam nas ruas de Santos.
Além disso, o ex-presidente também disse estar preocupado com os possíveis caminhos do Brasil ao, segundo ele, seguir o caminho de ditaduras da América Latina, mas não fez menção direta ao TSE ou a Moraes.

No contexto das eleições municipais, Bolsonaro afirmou seu apoio à candidatura de Rosana Valle (PL) em Santos, alinhando-se com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que, segundo ele, também apoiará o mesmo candidato em Guarulhos (SP).
Enquanto isso, o posicionamento de Bolsonaro coloca Tarcísio em uma posição delicada, já que o atual prefeito de Santos, Rogério Santos, deixou o PSDB para se filiar ao Republicanos, partido do governador.