
Adversários do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) avaliaram neste domingo (6) que os ataques direcionados ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), durante a manifestação na avenida Paulista, “enterraram” o chamado PL da Anistia e contribuíram para o isolamento de seus apoiadores no Congresso.
Para o líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (RJ), as críticas feitas por aliados de Bolsonaro a Motta representaram “um tiro no pé” e podem acabar tendo o efeito contrário ao desejado, aumentando a relutância do presidente da Câmara em levar o tema à votação. “Eles vão se isolar completamente no Parlamento. Ou alguém acha que Hugo Motta, depois desses ataques, quase uma política de intimidação grosseira, vai pautar esse projeto? Claro que não”.
Nos bastidores do governo, a avaliação é de que Motta sairia desmoralizado caso, após ser confrontado com provocações, adotasse uma postura favorável à tramitação da proposta. Parlamentares acreditam que dificilmente o presidente da Câmara irá, neste momento, assumir um conflito com o Supremo Tribunal Federal, que poderia se prolongar por tempo indefinido.

“Envergonhando povo da Paraíba”
O pastor Silas Malafaia, um dos organizadores da manifestação deste domingo, declarou no carro de som que Motta “está envergonhando o povo da Paraíba” ao não se posicionar claramente sobre o projeto. Políticos aliados também reforçaram o apoio de seus partidos à proposta, atendendo ao chamado de Malafaia para mostrar à Câmara que “o povo” deseja a aprovação do texto, alegando que ele corrige injustiças e promove a pacificação nacional. Ministros do STF como Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso também foram alvo de críticas.
Lindbergh ainda comentou que “o ato não foi o que [eles] esperavam”, já que o público presente ficou abaixo do que os líderes bolsonaristas projetavam nos últimos dias — chegaram a mencionar a expectativa de reunir 1 milhão de pessoas. Segundo o “Monitor do Debate Político” da USP, estiveram no evento 44,9 mil pessoas, número semelhante ao estimado pelo Datafolha, que apontou 55 mil presentes.
Uma pesquisa da Quaest divulgada no domingo também mostrou que 56% dos brasileiros são contrários à anistia dos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023. O líder petista também citou um levantamento do Datafolha, que revelou que 67% dos entrevistados acreditam que Bolsonaro deveria desistir de disputar as eleições de 2026 e apoiar outro candidato.
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