Agência da ONU suspende ações no Brasil após ter verba cortada por Trump

Atualizado em 5 de fevereiro de 2025 às 17:24
Venezuelanos emigram para Pacaraima, na fronteira com o Brasil. Foto: Amanda Perobelli/Reuters

A Organização Internacional para as Migrações (OIM), braço da ONU responsável por ações de acolhimento a refugiados, anunciou a suspensão de suas atividades financiadas pelos Estados Unidos no Brasil pelos próximos 90 dias. A medida afeta diretamente programas como a Operação Acolhida, que desde 2018 apoia refugiados venezuelanos em Roraima, e iniciativas de integração em ao menos 14 estados.

A interrupção ocorre após a administração de Donald Trump congelar os fundos de assistência humanitária do Escritório de Refugiados e Imigrantes (PRM) e da Agência para o Desenvolvimento Internacional (Usaid).

O governo estadunidense, que iniciou seu mandato há uma semana, informou que os recursos serão revisados para verificar sua eficiência e alinhamento com as novas diretrizes de política externa.

De acordo com comunicado da OIM enviado ao governo brasileiro, a suspensão representa um “desafio significativo para o gerenciamento da crise humanitária envolvendo migrantes e refugiados”.

Em Roraima, onde chegam mais de 400 venezuelanos diariamente por Pacaraima, as atividades da OIM foram paralisadas. Serviços como vacinação, apoio a crianças desacompanhadas, regularização migratória e interiorização de imigrantes para outros estados também foram interrompidos.

Trump exibe decreto assinado no dia de sua posse. Foto: reprodução

A nota da OIM destaca que a redução de recursos compromete a infraestrutura de acolhimento e os recursos humanos. A organização busca apoio emergencial de escritórios internacionais, mas enfrenta limitações devido ao impacto global dos cortes promovidos pela gestão Trump.

O Comando da Força-Tarefa Logística Humanitária da Operação Acolhida, gerido por militares brasileiros, emitiu nota reconhecendo os desafios e reforçando esforços para manter os serviços essenciais. “Estamos trabalhando diariamente para conter os riscos e assegurar a continuidade das operações”, declarou o órgão.

Especialistas alertam que a ausência da OIM coloca pressão adicional sobre o governo brasileiro, que precisará ampliar seu compromisso financeiro em um momento de restrições orçamentárias.

O impacto sobre outras organizações humanitárias que dependem de recursos estadunidenses, como o Acnur, é limitado, já que estas possuem financiamento diversificado.

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