New York Times e Washington Post recusaram o material que o Wikileaks publicou

Atualizado em 1 de março de 2013 às 19:09

O primeiro dia do julgamento de Bradley Manning é devastador para a imagem da mídia americana.

Um heroi
Um heroi

“Comprovado: Bradley Manning é heroi”.

Foi essa a reação imediata do cineasta Michael Moore quando foi revelado no primeiro dia de seu julgamento em corte marcial o recruta Manning admitiu oficialmente ter feito os aqueles célebres vazamentos para o Wikileaks. Entre os vazamentos o destaque foi o vídeo do helicópteto Apache a partir do qual, por engano, soldados americanos mataram civis iraquianos.

Manning aceitou dez das 22 acusações, mas negou a principal delas: ter ajudado o inimigo. É um crime passível de prisão perpétua. As acusações que ele admitiu podem lhe dar 20 anos de cadeia. Mas ainda haverá muitos movimentos. A promotoria deve insistir na tese de que o inimigo foi ajudado.

Com os vazamentos, afirmou, seu objetivo foi “estimular o debate público” entre os americanos sobre a política externa de seu país.

O objetivo foi amplamente alcançado, como se pode ver. E ultrapassado, uma vez que o debate rompeu as fronteiras americanas e ganhou o mundo.

O depoimento de Manning no primeiro dia do tardio julgamento – iniciado depois de mil dias de prisão – trouxe revelações sensacionais sobre o jornalismo que se faz hoje nas grandes corporações de mídia.

Antes de entregar o material ao Wikileaks, Manning fez o percurso clássico.

Tentou o New York Times. Ninguém o ouviu. Tentou o Washington Post. Nada. Tentou o Wikileaks. E foi feita história.

A mídia americana já começa a debater este fiasco extraordinário.

Manning é um heroi, como disse Michael Moore. Ajudou a ver um dos horrores do mundo contemporâneo, a Guerra do Iraque.

E Assange também é, por ter publicado os documentos valiosíssimos que o Times e o Post desprezaram.