Mudança de programação da caravana de Lula é fake news e ataques serão denunciados. Por Joaquim de Carvalho

Atualizado em 23 de março de 2018 às 17:18

Esta reportagem faz parte da séria sobre a Caravana de Lula no Sul, financiada pelos leitores através de crowdfunding. As demais estão aqui

Lula na caravana no Sul (FOTOS JOAQUIM DE CARVALHO)

Lula realiza caravanas pelo Brasil desde agosto do ano passado e até esta semana não tinha sido destaque na primeira página dos jornais da velha imprensa.

Nesta semana, foi, tanto na Folha quanto no Estadão, com destaque para o protesto das lideranças ruralistas. Mas, pelo menos nas reportagens principais, não mostram os homens armados tentando impedir a passagem do ônibus da caravana.

Pela forma como os homens seguram as armas, é possível ver que são profissionais. “Podem ser policiais do serviço reservado ou policiais a serviço dos ruralistas, fazendo um bico, mas, com certeza, são pessoas que sabem lidar com armas”, disse um policiai que viu as fotos.

Apesar da hostilidade desses grupos, os organizadores da caravana decidiram manter a programação integralmente.

É por isso que a executiva nacional do PT decidiu fazer uma nota para desmentir a reportagem publicada hoje pela Folha de S. Paulo, que noticiou a alteração da caravana em razão dos atos de hostilidade por parte dessas milícias.

“Não é verdadeira essa notícia. A caravana segue exatamente como planejada”, disse um assessor do PT.

A decisão do partido não recuar nem partir para o confronto. “Nós vamos denunciar a truculência dessas milícias fascistas”, afirmou.

Antes de partir para São Borge, hoje de manhã, Lula estava de bom humor.

Um profissional de comunicação colocou para ele ouvir um jingle da campanha presidencial que está sendo composto. Ele gostou, mas o jingle ainda não foi aprovado — por isso, não está sendo divulgado.

Outras pessoas que estavam no local da partida pediram para tirar foto com ele e com Dilma Rousseff. Em seguida, como planejado, o ônibus partiu. A caminho de São Borja, Lula parou em São Vicente do Sul, para visitar o Instituto Federal Farroupilha.

Protesto de ruralistas

Lula e Dilma Rousseff receberam da instituição um diploma de reconhecimento pelos investimentos que fizeram na instituição.

Do lado de fora, ruralistas com camiseta de Jair Bolsonaro gritava palavras de ordem contra Lula. Alguns tentaram invadir o instituto, mas foram barrados pela Brigada Militar.

No discurso, Lula ironizou. Disse que as pessoas que protestavam tinham máquinas agrícolas que foram financiadas nos governos dele e Dilma.

“E eles só terão outra máquina com juros subsidiados se nós voltarmos ao governo”, afirmou. “São pessoas que vêm gritar desaforo, mas pode ter certeza de que devem para o governo”, disse.

Lula afastou o caráter eleitoral da Caravana.

“Esta cidade tem 8 mil habitantes, talvez um pouco mais. Se fosse para pedir voto, eu iria para Porto Alegre, Canoas, Pelotas. Sabe por que eu venho aqui? Porque aqui é território brasileiro, e eu quero conhecer”, afirmou.

De São Vicente do Sul, Lula seguiu na caravana.

Em são Borja, Lula deve visitar o museu em homenagem a Getúlio Vargas,  João Goulart e Leonel Brizola, pioneiros no trabalhismo brasileiro, com bandeiras que, de certa forma, Lula defende.

Pelo simbolismo da visita, esta pode ser a etapa mais importante da visita. Como o DCM noticiou, ruralistas estavam organizando protestos para impedir a entrada de Lula na cidade.

Os atos, segundo áudio de um grupo de WhatsApp vazado, estão sendo organizados por Sérgio Malgarin, produtor de vinho na região de São Borja, onde foi secretário da Agricultura no início dos anos 2000.

Manifestantes anti Lula tentam, inutilmente, parar a caravana