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Dois meses após o desaparecimento de meninos em Belford Roxo, famílias sofrem sem respostas

Manifestação, nesta terça, pediu pelo paradeiro das crianças desaparecidas
Luciano Belford / Agência O Dia

De Aline Macedo no Jornal Extra.

Em uma situação normal, o próximo dia 15 seria de festa na casa de Silvia Regina da Silva, para celebrar os 11 anos de seu neto, Alexandre. No entanto, o menino está desaparecido há dois meses, junto com o primo Lucas Matheus, de 8 anos, e o amigo Fernando Henrique, de 11. Os três sumiram no dia 27 de dezembro de 2020, quando brincavam em um campo de futebol próximo de onde moram, no bairro Castelar, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense.

A avó, que ajuda suas filhas Rana e Camila na criação dos netos, conta que cada dia sem notícias das crianças é mais difícil:

— Meus dois netos fazem muita falta. Estou morrendo de saudades. É muito triste não ter os dois pedindo a bênção de manhã, ou na volta do trabalho — exemplifica.

As famílias dos meninos participaram de uma reunião na Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense na sexta-feira (26), para ficar a par das investigações. Porém, no momento, ainda não há respostas sobre o que teria acontecido. A Polícia Civil trabalha com a hipótese de eles terem sido mortos por traficantes locais, suspeita reforçada após um homem ser apresentado como o responsável pelo crime. Ele havia sido espancado para confessar o sequestro. O DNA de sangue colhido em roupas de sua casa não pertencia a qualquer uma das crianças, e sim a uma moradora da residência.

Segundo a superintendente de Prevenção e Enfrentamento ao Desaparecimento de Pessoas da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, Jovita Belfort, o desespero de não saber o que aconteceu com um parente não muda com o tempo. Jovita é mãe do lutador Vitor Belfort, e há 17 anos busca respostas sobre o que aconteceu à própria filha, Priscila:

— Essa é a pior dor do mundo, pois você não sabe se o filho está vivo ou morto, se está doente, se está alimentado. A mente vai como um caracol, imaginando o que poderia ter acontecido. A mãe do desaparecido enterra o seu filho todo dia: à noite você pensa: “Está vivo? Está morto?”. E, de manhã, você acorda na expectativa de ter alguma reposta — diz.

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