A namorada americana da Venezuela

Atualizado em 9 de janeiro de 2013 às 15:25

Eva Golinger
Eva Golinger

Como a jornalista Eva Golinger se tornou uma das pessoas mais influentes da América Latina

 

A namorada americana da Venezuela. Assim o NY Times definiu a advogada, jornalista e escritora Eva Golinger, 38 anos, nascida em Nova York. O Times usou, na verdade, uma expressão criada por Hugo Chávez, presidente da Venezuela.

Eva é uma das vozes mais fortes na defesa da Venezuela contra os Estados Unidos e o que ela chama de suas “marionetes”. Bonita, eloquente, articulada, Eva acabou se dando bem na televisão. Ela tem um programa na tevê pública venezuela e outro na Russia Today, RT, uma emissora estatal russa.

Eva se apaixonou pela Venezuela por acaso. Ela fez uma viagem em busca de suas raízes venezuelanas, e gostou do que viu a tal ponto que decidiu mudar de país. A ascendência permitiu a ela se naturalizar venezuelana. Eva tem dupla cidadania. Recentemente, ela retornou momentaneamente a Nova York. Estava no final da primeira gravidez e decidiu ter o filho perto de sua família. O rumor que corre é que o pai é Hugo Chávez. Ela nega. Diz, apenas, que é mãe solteira.

Eva é uma das figuras mais controvertidas na América Latina moderna. Ela defende com paixão a Venezuela – e a si própria.

Vi uma entrevista que a CNN fez com ela, recentemente. (Vou colocá-la no pé deste texto. É em espanhol.) O entrevistador tentou pegá-la de várias maneiras. Perguntou se ela tinha liberdade de falar o que pensava na tevê uma vez que as emissoras para as quais trabalha são estatais. Ela afirmou que com certeza não tinha menos liberdade que ele próprio, o entrevistador da CNN.

Clap, clap, clap.

Depois, o jornalista da CNN colocou em questão os valores democráticos de Chávez. Mesmo tendo sido eleito pelas urnas, e mesmo tendo um índice de popularidade enorme graças a seus programas sociais, a mídia americana frequentemente se refere a Chávez como “ditador”. (A mídia venezuelana vai adiante: anarco-ditador.)

Eva respondeu imediatamente que havia mais democracia na Venezuela que nos Estados Unidos. Quantos milhões de americanos não se sentem representados nem pelos democratas e nem pelos republicanos? – perguntou ela. Basta ver os índices de abstenção eleitoral: metade dos eleitores simplesmente ignora as eleições presidenciais nos Estados Unidos.

Eva tem dezenas de milhares de seguidores no twitter. Vi ontem seus tuítes. Ela estava defendendo vigorosamente a permanência de Chávez no comando da Venezuela a despeito de ele não poder assumir seu novo mandato no próximo dia 10, por causa do câncer que enfrenta.

“O adiamento da posse é legal segundo o artigo 231 da Constituição, que permite mudanças na data caso ocorram circunstâncias excepcionais”, escreveu Eva num tuíte. Em outro, disse que o Congresso concederá a Chávez um prazo de espera de 90 dias, que podem ser estendidos por mais 90.

Vários governos sul-americanos, incluído o Brasil, manifestaram apoio a essa proposta. O líder oposicionista Henrique Caprilles contesta a ideia, e pediu ao Supremo que se manifeste sobre o assunto.

A namorada americana da Venezuela é brava e incisiva. Bate frequentemente nos Estados Unidos, em Obama e na mídia americana. Vale a pena conhecê-la, nem que seja para discordar dela.